Escritor: não somente uma certa maneira especial de ver as coisas, senão também uma impossibilidade de as ver de qualquer outra maneira.Carlos Drummond de Andrade



segunda-feira, 30 de maio de 2011

A POLÊMICA DO LIVRO DIDÁTICO POR UMA VIDA MELHOR



Profª. Dnda Márcia Cristina Greco Ohuschi
Docente da Faculdade de Letras da UFPA – Campus de Castanhal

                Nos últimos dias, travou-se uma intensa polêmica com relação ao livro didático de Língua Portuguesa Por uma vida melhor, distribuído, pelo MEC, à Educação de Jovens e Adultos. Com base em alguns trechos retirados do primeiro capítulo do livro (que trata sobre a variação linguística), a mídia criticou a obra, alegando que estaria “recomendando, aos alunos, o inadequado” e “não distinguindo o certo do errado” (conforme exibição no Jornal Bom Dia Brasil, em 17/5/2011).


A ABRALIN (Associação Brasileira de Linguística) alega que os críticos não analisaram o livro atentamente, pautando-se, apenas, em cinco ou seis frases. Além disso, a Associação ressalta o fato de que o livro “acata orientações dos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) em relação à concepção de língua/linguagem”.
A ALAB (Associação de Linguística Aplicada do Brasil) divulgou nota afirmando que a crítica midiática retrata a “interpretação deturpada de pesquisas na área da linguagem” e exemplifica com reportagem da Revista Veja, de novembro de 2001, em que o professor Pasquale criticou pesquisadores que defendiam a inclusão do ensino de outras variedades linguísticas no ensino do português.
Análises equivocadas de livros didáticos (de diversas áreas), com base em trechos descontextualizados, e de fragmentos de aulas, já havia causado polêmica após a publicação da reportagem Você sabe o que estão ensinando a ele? (Revista Veja, 20/8/2008), em que as autoras Mônica Weinberg e Camila Pereira afirmaram que os professores tendem a “esquerdizar a cabeça das crianças”. Na mesma edição, Gustavo Ioschpe (o especialista em educação que acompanhou as reportagens do "JN no AR" exibidas, recentemente, no Jornal Nacional) escreveu o artigo de opinião A neutralidade como dever, no qual postula que os professores preocupam-se mais com a formação da cidadania do que com o ensino do conteúdo de sua matéria, como se uma ação não implicasse outra, e diz “Não acredito que a maioria dos professores brasileiros, com seu baixo preparo intelectual, tenha condições de oferecer ao aluno a exposição complexa e multifacetada que as questões inerentes à formação da cidadania exigem” (grifos nossos).
É preciso analisar, cautelosamente, as informações.  Nos links abaixo, encontram-se as notas da ALAB e da ABRALIN, assim como os vídeos da reportagem exibida no Bom Dia Brasil (com comentários de Alexandre Garcia e Sérgio Nogueira), além da reportagem e do artigo de opinião (VEJA, 2008) mencionados.






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